Só mesmo a Espanha, já uma seleção histórica. A melhor e maior do país em todos os tempos. A única a vencer duas Eurocopas consecutivas. E ainda mais inédita colocando um título mundial entre as duas conquistas. Cereja do bolo: os 4 a 0 sobre a Itália na decisão em Kiev construíram a maior goleada das decisões do torneio continental. Também o maior revés do rival em jogos oficiais desde os 4 a 1 para o Brasil em 1970.
A fantástica atuação, a melhor da equipe nestes quatro anos de domínio, não isenta e até enfatiza as críticas ao futebol apresentado nas fases anteriores. Mesmo com o desgaste cumulativo de temporadas estafantes no Barcelona, Real Madrid e na própria seleção, além das ausências de Puyol e Villa, o desempenho foi decepcionante e, sim, sonolento e enfadonho em grande parte dos jogos. Porque essa Espanha pode mais.
Os grandes trunfos da Roja para parar a Azzurra foram congestionar o meio-campo para evitar a superioridade numérica do losango italiano, alternar Xavi e Fábregas no cerco a Pirlo e combinar retenção de bola e verticalidade, arriscando mais o passe longo e as ultrapassagens. Tanto que não houve o habitual controle da posse de bola (apenas 53% na primeira etapa e 57% no total), com mais erros de passe e equilíbrio nas conclusões enquanto houve disputa. Os acertos compensaram.
Na bola esticada de Iniesta, o craque espanhol na Euro, para Fábregas, o centro para Silva abrir o placar. No lançamento de Xavi, o melhor em campo, para Jordi Alba, a referência de velocidade da Espanha em toda a Euro, o toque na saída de Buffon que encaminhou a vitória no primeiro tempo.
Triunfo consolidado com a contusão de Thiago Motta depois de Cesare Prandelli ter realizado as três substituições – o próprio brasileiro naturalizado na vaga de Montolivo, Balzaretti no lugar do lesionado Chiellini ainda no primeiro tempo e Di Natale substituindo Cassano. A desvantagem numérica murchou qualquer tentativa de reação da Itália que fez ótima Euro e lutou até o final de forma digna e leal.
Mas nada pôde fazer para evitar que a Espanha reoxigenada na frente com Pedro, Torres e Mata nas vagas de Silva, Fábregas e Iniesta transformasse a vitória tranqüila em goleada no final. Gols de Torres, mais um dos muitos artilheiros da Euro com três tentos, e Mata, que foi às redes no primeiro toque na bola em toda a Euro.
Casillas não foi vazado e a Espanha fecha o ciclo de títulos sem sofrer gols em disputas de mata-mata em Copas e Euros desde o gol de Zidane nas oitavas-de-final da Copa do Mundo de 2006. Uma espécie de rito de passagem para a história.
Fruto da superioridade que autoriza, mesmo com riscos, atuações abaixo do enorme potencial até o espetáculo e a vitória com autoridade quando foi preciso. A mensagem para o mundo é bem clara: hoje a Espanha pode tudo. Inclusive calar seus críticos. E até transformar o domínio em dinastia na Copa das Confederações e no Mundial, ambos no Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário