terça-feira, 28 de abril de 2015

CHICO LUCAS: Filósofo da Natureza


A Fundação Hélio Galvão de Natal, lançou em agosto de 2002, o informativo GALANTE, número 14 – volume 02, com o título: Previsões do Tempo – Ecossistema e Tradição, sob a direção artística e de pesquisa de Dácio Galvão, com scriptorin de Candinha Bezerra e colaboração da antropóloga da UFRN, Maria da Conceição Xavier de Almeida, cujo trabalho, por sinal muito bem produzido, traz na capa o conhecido agricultor e pescador de Areia Branca, comunidade localizada as margens da Lagoa do Piató, Chico Lucas, numa fotografia ao lado de um tamborete com uma lamparina acesa sobre o assento, demostrando uma de suas experiências.

Conceição Xavier relata um trabalho de pesquisa desenvolvido nas margens da Lagoa do Piató, o qual teve o apoio incontestável dos irmãos Chico Lucas e José Lucas. Segundo a antropóloga esses dois homens expressam uma sabedoria extraordinária. Eles compreendem o comportamento dos animais e das plantas e também a dinâmica dos fenômenos físicos como sinais que permitem prever inverno ou seca.

Todas as épocas têm seus pensadores e intelectuais: pessoas que se distinguem pela maneira de observar os fenômenos com mais atenção e criar métodos específicos para conhecê-los, decifrá-los e explicá-los. Desde que o mundo é mundo, desde o aparecimento da espécie humana na terra, os homens procuram responder aos problemas que lhes são postos em todos os domínios de sua vida, sejam esses problemas individuais ou coletivos, materiais ou espirituais.

Chico Lucas e José Lucas, afirmam, por exemplo, que: “se no mês de janeiro a gata der cria, ou seja, parir e comer os gatos, seus filhos, é uma seca de fazer medo. Se o vento norte “cai” dia primeiro de setembro e “encarriá”, ou seja, continuar, o mês todinho, é bom sinal de inverno”.

“A experiência do pescador, para saber se vai chover, é a curimatã ovar. No ano que é mau, ela só ova, aqui acolá uma. É só de um lado. No ano que ela esta esperando uma enchente grande, então ela ova os dois lados. As duas laterais dela ficam bem ovadinhas. A mesma coisa acontece com o peixe coró”. 

Portanto, algumas das inúmeras experiências destes sábios assuenses, publicadas no “Galante”, numa demonstração de que o homem inteligente nem sempre necessita frequentar a uma universidade, a não ser a da vida.

Fonte: Assu na Ponta da Língua
Postado por Ivan Pinheiro Bezerra

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